Com melhores efeitos visuais, uma boa trilha sonora, menos diálogos e ação do início ao fim, Transformers: A Era da Extinção é um filme de férias. Apenas.
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”Transformers” conta a história de carros que se transformam em robôs gigantes – ou de robôs que se transformam em carros – baseado nos brinquedos da Hasbro. Este poderia ser o resumo minimalista de todos os filmes da famosa franquia, que já chegou ao 4º filme (com previsão de pelo menos mais 2), de Michael Bay (diretor de Pearl Harbor, Armageddon e Os Bad Boys).
Apesar de ser uma sequência, o longa tenta se diferenciar dos seus antecessores e inicia uma nova trilogia; a principal mudança está no elenco humano. Todos os personagens anteriores são simplesmente esquecidos e não há sequer menção a eles durante todos os quase intermináveis 165 minutos de filme.
A história do filme inicia cinco anos após os acontecimentos de Chicago ocorridos em “Transformers: O Lado Oculta do Lua” (2011). Desta vez, Optimus Prime e os autobots não possuem mais relações amigáveis com o governo dos Estados Unidos, ou de qualquer outro país, pelo contrário, são perseguidos e caçados como criminosos por um esquadrão secreto da CIA.
Cade Yeager (Mark Wahlberg) é um inventor malsucedido que compra um caminhão velho e descobre se tratar de um transformer (ninguém menos que Optimus Prime, o líder dos autobots) – alguém lembrou do início do primeiro filme?
A vida de Cade, Tessa (Nicola Peltz) – sua filha – e Shane (Jack Reynor) – namorado da filha – vira de cabeça pra baixo e eles são perseguidos pelo grupo secreto da CIA e por um transformer misterioso chamado Lockdown.
Há também uma trama envolvendo uma empresa de tecnologia, comandada por Joshua – personagem de Stanley Tucci (o apresentador em Jogos Vorazes: Em Chamas) – que desenvolve pesquisas com transformium – material extraído de cadáveres de autobots e decepticons.
Na realidade, não há muito o que dizer sobre a história. No fundo ela só existe porque é preciso alguma motivação para os personagens humanos e como momento de descontração entre as cenas de ação.
Por sinal, Mark Wahlberg convence e passa mais credibilidade no papel de “humano salvador do mundo” do que o esmirrado e metido a engraçadinho Shia Labeouf.
Um ponto positivo do filme e uma menor confusão visual – em comparação com os anteriores. As cenas de transformação carro-robô robô-dinossauro e as cenas de ação estão levemente mais limpas, pelo aperfeiçoamento tecnológico dos efeitos visuais, e mais lentas (o que facilita o entendimento das cenas de ação com milhares de pedaços de metal voando na tela).
Porém, o filme é longo demais, se arrasta no primeiro trecho para apresentar os novos personagens humanos – que por sinal tem as melhores tiradas de humor com a presença do humorista e músico T.J. Miller (da série Silicon Valley) – e exagera na duração das cenas de ação (não acredito que acabei de escrever isso!).
O 3d não incomoda, isso já é um grande feito, mas não é importante para o filme, não faria tanta diferença se não existisse.
A fotografia do filme é de Amir Mokri (O Homem de Aço), que se uniu à franquia em “Transformers: O Lado Oculta do Lua”, e a trilha sonora instrumental reforça a sonoridade já reconhecida na franquia enquanto que as músicas All For You e Battle Cry de Imagine Dragons dão o clima do filme.
Algo que não posso deixar de comentar é o merchandising inconveniente, sem função narrativa e totalmente fora de contexto que aparece durante todo o filme. Chega a ser estranho em meio a uma guerra entre robôs gigantes alienígenas, com risco de destruição total da humanidade, o único homem que pode salvar a Terra parar durante 1 minuto para discutir sobre seguro de carro e tomar uma Budweiser (que estava convenientemente no chão); ou um caminhão sem motorista (nem era um transformer) da Vitoria Secret, que ocupa toda a tela, que é explodido em câmera lenta em um dos poucos momentos em que a câmera fica parada.
Transformers: A Era da Extinção é um filme que diverte, sim, mas que poderia ser melhor fosse mais curto e usasse menos efeitos de flare tivesse uma história mais consistente.
Direção: Michael Bay.