Tár

Glória e inferno se misturam em ”Tár”, filme de Todd Field que concorreu ao Oscar 2023.
Na trama, conhecemos Lydia Tár (Cate Blanchett, na melhor atuação de sua carreira), que está num dos melhores momentos de sua vida. Tár é maestro da Filarmônica de Berlim, onde mora, e se prepara para gravar, com sua orquestra, a desafiadora Quinta Sinfonia de Mahler. 

Em um momento de glória, ela dá uma importante entrevista para o New Yorker onde fala sobre sua carreira, suas inspirações e próximos passos. Tudo sobre ela é grandioso, em contraste com sua figura branca e loira, seu figurino elegante e ao mesmo tempo masculino.

Lydia é casada e é mãe de uma menina, a pequena Petra. Sua esposa faz parte da orquestra, o que é natural na vida da líder, que respira música. Porém, um dia, a vida quase perfeita de Lydia começa a desmoronar. Uma ameaça aparece: uma ex prodígio começa a enviar emails ameaçadores a Francesca, assistente da maestro, dizendo que sua vida foi destruída por Lydia e que irá se matar. Francesca avisa a Lydia que o pior pode acontecer e a maestro não dá bola, e quando a jovem em questão realmente se mata, a personalidade fria de Lydia e seu passado começam a ressurgir.

Unindo temas como machismo e cultura do cancelamento, esse filme de quase 3 horas de duração resume muito do debate atual sobre conduta pessoal e criação artística, identidade e representação. Quem é a verdadeira Tár? É uma gênia ou apenas uma mulher abusiva numa posição de privilégio? Qual sua parcela de culpa (se é que ela existe) nessa tragédia?

Os ambientes onde o filme se passa são limpos, chiques, quase uma afronta ao antiintelectualismo que ronda a vida fora da casa e do trabalho da maestro.
Muito bonito e bem montado, o ótimo ”Tár” deu a Cate Blanchett o BAFTA 2023 de Melhor Atriz e o Golden Globe 2023 de Melhor Atriz.

Cotação: Muito bom