Inspirada livremente na Operação Lava-Jato, O Mecanismo, série original da Netflix que estreia dia 23 de março, tem credenciais de respeito – muito respeito. Dirigida por José Padilha, de Tropa de Elite, RoboCop e Narcos, a trama tem no elenco Selton Mello, Carol Abras e Enrique Diaz, mas a grande estrela é a operação policial, através da qual a série mostra como funciona a corrupção – e como é possível desmontar um esquema bilionário com a equipe certo, boa vontade e uma incrível dose de sorte.
“No Brasil a corrupção faz parte da lógica da política. Ela faz parte da lógica e da estrutura política. A corrupção é a norma, não a exceção”, explica Padilha, que chama de mecanismo esse processo envolvendo todos os partidos, que recebem dinheiros de empresas para elegerem seus políticos que depois beneficiarão essas mesmas companhias, e atravessa todas as esferas do governo.
Com filmagens no Rio, São Paulo, Brasília e Curitiba e oito episódios, O Mecanismo, que teve os três primeiros episódios disponibilizados para a imprensa, começa em 2003. Cria da televisão (Ligações Perigosas, Treze Dias Longe do Sol) e com uma carreira sólida no cinema (O Cheiro do Ralo, Jean Charles, O Palhaco), Selton é Marco Ruffo, delegado da Polícia Federal, obcecado em prender o doleiro Roberto Ibrahim, criminoso vivido por Enrique (Justiça, Feliz para Sempre). Ao seu lado, ele tem Verona Cardoni, personagem de Carol (Avenida Brasil, I Love Paraisópolis, Se Nada Mais der Certo) que vê o o estado mental do mentor e amigo se deteriorar quando Ibrahim escapa da possibilidade de prisão com uma delação premiada – na qual não deleta nada nem ninguém.
“Meu personagem é como se fosse uma consciência crítica da operação e da série”, conta Selton, que se empolga ao falar do alcane da Netflix – O Mecanismo estreará em 193 países simultaneamente. “São 35 anos fazendo o que faço, já trabalhei na Band, na Globo e agora estou experimentado outra coisa. É muito estimulante saber que, na mesma hora que meu pai vai ver a série, um cara no Japão e outro na Finlândia também vão. Isso é incrível”, diz o ator, que se disse fã de outras produções do serviço de streaming. “Adoro Stranger Things, amo aquele garotos! Também amo The Crown, acho House of Cards genial, tem Breaking Bad. A nossa série é mais Breaking Bad, só que mais sujo, porque o House of Cards brasileiro é mais pé na porta”, brinca Selton.