“Posso levar meu filho de 2 anos no cinema? Tem problema levar meu filho recém-nascido no cinema? Bebê paga entrada no cinema?”
Desde a criação do Cinema e Muito Mais, muitos me fazem essas perguntas. Para responder a questão do valor do ingresso, se é cobrado ou não, fiz essa matéria: Criança pequena tem que pagar ingresso de cinema?
Ainda são muitas as dúvidas nessa área, então, resolvi me aprofundar ainda mais no tema e chegamos a 2 perguntas principais?
É permitido? Sim, é permitido! Não existe legislação que impeça crianças de qualquer idade de entrar no cinema. E como provei nessa matéria, crianças até 2 anos não pagam ingresso na maioria dos estabelecimentos (alguns cinemas permitem entrada gratuita até 3 anos completos).
Como aproveitar o cinema com bebê sem se estressar? Todo bebê recém-nascido tem seu próprio horário de mamar, dormir, chorar… talvez seja difícil encaixar esses horários em 2 horas de filme onde, teoricamente, se requer silêncio e concentração em uma sala toda escura com ar condicionado forte e som alto.
É provável que ir ao cinema com um bebê em um sábado a noite seja realmente complicado, porém existe uma alternativa! Tem algum tempo que conheci o CineMaterna, uma organização sem fins lucrativos, pioneira em sessões de cinema amigáveis para mães e bebês de até 18 meses. A ONG foi fundada em São Paulo, em 2008, por mães que, a partir de uma necessidade pessoal, desenvolveram um programa feito especialmente para famílias com bebês: sessões de cinema nas quais o filme é de tema adulto, a sala é adaptada para receber os pequenos e uma equipe especial de mães voluntárias acolhe o público.
A ONG está presente em 106 cinemas espalhados por 52 cidades de 16 estados brasileiros. Em dez anos de história, já levou mais de 200 mil famílias às mais de 7 mil sessões que realizou.
Eu consegui uma entrevista exclusiva com Irene Nagashima, fundadora do CineMaterna, para abrilhantar essa matéria, confira:
Irene, o CineMaterna hoje já faz parte da rotina de milhares de pessoas ao redor do Brasil. Conta pra gente um pouco de como foi partir de uma ideia e chegar a ter mais de 300 colaboradores e atuar em mais de 50 cidades?
Conseguimos realizar o CineMaterna graças a muito, muito trabalho. Como todo início de negócio, demandou tempo, criatividade, esforço, investimento financeiro, persistência. Aprendemos muito do negócio, umas com as outras, com o público, com a equipe e fomos aperfeiçoando. O principal obstáculo foi descobrir um formato de negócio que fosse sustentável financeira e operacionalmente.
Quais foram as maiores dificuldades para implementar a iniciativa nos cinemas?
Adaptar-nos às diferentes culturas, aspectos técnicos e funcionários de cada rede de cinemas. Cada cinema, um aprendizado diferente.
Em sua opinião, como o CineMaterna ajuda no processo de apoio e acolhimento às mulheres que acabaram de ter filhos ou que possuem filhos pequenos? Qual a importância desse simples ato de ir ao cinema para uma mãe de recém-nascido?
No CineMaterna a mãe será acolhida por quem entende da maternidade, do ponto de vista da mulher. Entendemos o nervosismo do trajeto até o cinema e estamos lá para recebê-la e deixá-la confortável. Queremos que ela saia mais leve da sessão e saiba que não está sozinha, que temos total empatia com este momento da vida tão especial e, ao mesmo tempo, desafiador.
Muitas mães sentem-se isoladas e querem sair de casa, ter uma atividade para arejar a mente que fica muito focada no bebê desde seu nascimento. O CineMaterna proporciona o lazer através do cinema, somado a um gostoso bate-papo que acontece depois das sessões. Nesta conversa falamos de nossos sentimentos, desabafamos, trocamos experiências, pedimos ajuda, falamos de vida pessoal e profissional. É uma rede de apoio. Além disso, buscamos mostrar que o pós-parto não é um período de enclausuramento, que os bebês não são seres tão frágeis que precisem ficar em casa, isolados do mundo. O CineMaterna vai muito além do cinema.
Como as sessões do CineMaterna não são fechadas apenas para vocês, como tem sido a aceitação da outra parte do público? Há muitas críticas por haver bebês “fazendo barulho” durante os filmes?
Nas sessões CineMaterna, mães, bebês e seus acompanhantes são a maioria, então, quem estiver desavisado e reclamar, pode trocar de sessão. O mais incrível é que tem gente que gosta, acha mais aconchegante. É comum mulheres, mães de adolescentes ou adultos comentarem que “no meu tempo não tinha” e entender a importância do CineMaterna.
Vocês pensam em ampliar a atuação no setor? Talvez atuar na distribuição ou produção de filmes nessa temática? Não consideramos que nossa atuação seja em cinema, mas sim, jogando luz no puerpério, na maternidade recém-iniciada. Ampliar, para nós, por enquanto, é solidificar nossa atuação e atingir todas as capitais do país.
Para fechar, vou deixar os links do CineMaterna aqui, onde pode-se ver os horários e locais das próximas sessões. E como bônus, um vídeo de uma mãe contando como é a experiência:
www.cinematerna.org.br
www.facebook.com/CineMaterna
@cinematerna