Parasita

Provavelmente esse é um dos melhores filmes do ano e merece sua atenção.
O longa tem direção de Joon-ho Bong, conhecido do público brasileiro por filmes como Memórias de um assassino (2003), O hospedeiro (2006), Mother — A busca pela verdade (2009) e Okja (2017).

Na trama, somos apresentados a uma família paupérrima que tenta dar conta da sobrevivência ganhando uns trocados aqui e ali.
Um belo dia, a sorte chega até eles, através de uma pedra e de um bom amigo. Ki-woo (Woo-sik Choi), o filho desempregado, é indicado por um amigo para dar aulas particulares de inglês para uma adolescente simpática, filha de uma família rica.

Aos poucos, com muita lábia e um pouco de Photoshop, o adolescente consegue empregar na mansão em que trabalha seu pai (o ótimo Kang-ho Song, que protagonizou a maioria dos filmes anteriores do diretor), sua mãe (Hye-jin Jang) e sua irmã (Yeo-jeong Jo), sem, no entanto, dizer que são parte da sua família.

Para isso, a família precisa causar a demissão dos que estavam ali empregados. Aos poucos, eles ocupam a mansão como parasitas e passam a controlar clandestinamente o cotidiano daquele espaço. Mas precisarão enfrentar antigos empregados, que não conseguem desvincular-se da casa em que trabalharam.

É interessante notar a diferença entre a miséria e o luxo. Na sociedade mostrada no filme, a pior tragédia não é ser explorado, mas sim não ser apto para sê-lo: o filho precisa falsificar um diploma para dar aulas de inglês, pois não conseguiu chegar à universidade. Ao serem aceitos na casa dos ricaços como serviçais, os quatro agora podem ver claramente quem são seus inimigos – a concorrência, que precisa ser eliminada.

Singular, inteligente e um pouco grotesco, ”Parasita” é o tipo de filme que te faz pensar durante dias. A situação dos personagens não é tão diferente da classe operária brasileira, que mora em favelas, pega duas (ou mais conduções) para chegar ao trabalho e corre o risco de perder tudo quando uma chuva forte cai sobre a cidade.

Primoroso, o filme ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2019, além dos prêmios de ”Melhor filme” no Sydney Film Festival; ”Melhor Filme Estrangeiro” no Critics’ Choice Movie Award; ”Melhor Filme Estrangeiro” no BAFTA; e Oscars de ”Melhor Filme”, ”Melhor Diretor” para Bong Joon-ho e ”Melhor Roteiro Original” e ”Melhor Filme Internacional” em 2020.

 

Cotação: Muito bom