Num um almoço de família, Rosa, personagem interpretada por Maria Ribeiro em “Como Nossos Pais”, tem uma revelação que desencadeia uma profunda crise existencial. É assim que começa o novo filme de Laís Bodansky, em cartaz, e que fala sobre os dilemas da mulher contemporânea. Filha de um artista e uma intelectual, Rosa é uma jornalista casada com um ambientalista. Está, em tese, na esfera social onde a conquista pela equidade de gênero é mais consolidada.
Mas Rosa não é livre e, ao longo do filme, reflete sobre sua condição. É o primeiro longa escrito e dirigido por Laís.
Qual foi a inspiração para o filme?
Um desejo de falar sobre a minha geração e o momento em que a mulher tem filhos e os pais vivos. Mas, mais do que isso, queria falar sobre a relação entre as mulheres. A gente não está acostumado a falar sobre a relação da filha com a mãe na mesa do bar, embora fale da relação delas com o pai ou com os filhos. E a relação entre mulheres é ainda mais difícil quando mistura gerações.
A história se passa na vida de uma mulher com um marido “legal”, uma família “moderna”. Quais são os novos dilemas femininos dessa era em sua opinião?
A ideia de colocar a situação da mulher contemporânea com uma família moderna é que, mesmo com pessoas esclarecidas, a situação da mulher é desigual. Na verdade, a diferença de papéis ainda está presente em todas as classes sociais, dentro da família, no trabalho. A opressão é invisível. As mulheres estão conseguindo fazer um diagnóstico e perceber. Mas uma coisa é fazer o diagnóstico e outra é mudar. Espero que “Como Nossos Pais” contribua para essa reflexão. Essa coragem de dizer que não está bom é muito importante e é um passo que a protagonista consegue dar. Aprendi muito com ela.