Texto sem spoilers no início e com spoilers violentos no final, mas fique tranquilo, será avisado.
O novo filme do Aranha faz jus ao título e aposta em inovação tecnológica e efeitos visuais para superar o seu antecessor (de 2012) e justificar uma nova trilogia. Funcionou.
O filme inicia exatamente um pouco após os acontecimentos de O Espetacular Homem-Aranha. Peter vive sua vida dupla entre super-herói e garoto descolado, porém pobre. Mas seu relacionamento com Gwen não anda tão bem devido à promessa feita ao pai da moça de que iria se afastar dela.
Em meio a isso, surge Max Dillon – personagem de Jamie Foxx – um engenheiro elétrico com distúrbios mentais (?) que é salvo por acaso pelo Homem-Aranha e fica fissurado por ele acreditando ter algum vínculo de amizade com o herói.
O começo é realmente eletrizante: há uma dosagem precisa de cenas de ação e humor – característica marcante do herói nos quadrinhos – os efeitos visuais e sonoros são incríveis, a atuação de Andrew Garfield e Emma Stone é mais madura e Jamie Foxx está perfeito na construção de sua personagem antes e depois de virar Electro.
Passada a empolgação inicial, a história se desenrola de maneira lenta e chega a ser um pouco cansativo no segundo ato. Os conflitos internos de Peter referentes à morte de seus pais são trazidos à tona novamente (assim como no primeiro filme) e tudo passa a ser voltado para a figura misteriosa de Richard Parker (pai de Peter) e seus segredos científicos na Oscorp.
Na verdade, tudo gira em torno da Oscorp que de centro de pesquisas torna-se quase um centro avançado de criação de super-vilões (um pouco exagero da minha parte, confesso). É lá que, acidentalmente, Electro é criado; Harry Osborn se transforma no Duende Verde (em uma versão digna da série The Grimm) e os próximos vilões também surgirão.
Exageros e mudanças conceituais à parte, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro faz seu dever de casa e entrega uma obra digna de um dos heróis mais amados dos quadrinhos. Impossível não elogiar também a trilha sonora (efeitos e músicas) impecável criada pelo mestre Hans Zimmer (vencedor do Oscar com a trilha de O Rei Leão), acompanhado pela Magnificent Six (composta por Pharrell Williams, Johnny Marr – dos Smiths –, Junkie XL e Michael Einziger – do Incubus –, Alicia Keys e Kendrick Lamar).
Um elogio especial à música tema do personagem Electro, simplesmente perfeita. Para ouvir clique aqui.
Obs.: Vale a pena pagar um pouco mais caro para assistir em 3D.
Cotação: 4 estrelas
[box type=”warning”] A partir daqui terão spoilers violentos. [/box]
Por favor, não leia. Sério, não leia.
Entendo a necessidade de se buscar caminhos diferentes aos traçados na trilogia de Sam Raimi e é aceitável retirar a importância de alguns personagens secundários como os do Clarím Diário – que sequer aparecem, apenas J. Jonah Jameson (o famoso editor-chefe do jornal) é citado em uma conversa – e até do próprio Tio Ben, que não é tão secundário assim, mas que precisava ser apagado para a figura paternal ser preenchida por Richard.
Contudo, anular totalmente a figura de Norman Osborn, o Duende Verde original, como adversário do Aranha é muita ousadia e um risco enorme de talvez desagradar os fãs mais fiéis do aracnídeo. Retiraram a importância dele para a construção do Duende Verde de Harry e para justificar a criação do Sexteto Sinistro no próximo filme (ou talvez em um spin-off)
Agora é esperar e ver a reação do público. Mas acredito que, quem não é super fã ou especialista, não sentirá falta e a beleza do filme compensará os pequenos erros de roteiro.
Ficha técnica:
Dirigido por: Marc Webb
Argumento e Roteiro de Alex Kurtzman & Roberto Orci & Jeff Pinkner
Produzido por Avi Arad e Matt Tolmach
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dane DeHaan, Campbell Scott, Embeth Davidtz, Colm Feore, Paul Giamatti e Sally Field.