Mundo Cão

Cartaz_A

O diretor Marcos Jorge tem em seu cardápio um dos grandes nomes do cinema nacional: “Estômago” – com um tempero que fica marcado pra sempre no paladar do expectador.

Mas em “Mundo cão”, seu novo filme, nos é servido uma história morna, faltando aquela pitada de ousadia. A trama com suas reviravoltas cumpre o papel de envolver a quem assiste, mas fica um vazio de que poderia ser bem mais.

Em uma família de realidade simples, o ator, Babu Santana, empresta seu sobrenome a um pai, que tem como profissão recolher animais abandonados pelas ruas de São Paulo e levá-los ao centro de combate as zoonoses. Lá, Santana (Babu Santana) cruza a sua vida tranquila com a do ex-policial Nenê (Lázaro Ramos), chefe de uma quadrilha ligada ao ramo de caça-níquéis e um apaixonado pelos seus cachorros. Cachorros, esses, criados para resolver suas desavenças.

Babu Santana_0

O filme se passa em uma época em que os centros de controle as zoonoses tinham como regra sacrificar os animais após 3 dias se caso não houvesse nenhuma procura dos donos.

Nenê perde um dos seus cachorros e após 3 dias chega ao centro de recolhimento de animais, minutos depois de seu bicho de estimação ser sacrificado. A partir daí temos um filme de dor, felicidade, sequestro e vingança. Ponto alto do roteiro, onde tudo acontece na medida certa. Ao contrário da trilha sonora que tem um certo excesso, mas que não chega a incomodar.

O destaque na atuação fica para Lázaro Ramos que fez de Nenê um sádico, que com pequenos gestos de delicadeza não fez do personagem um vilão qualquer. Babu Santana também deixou uma bela contribuição, mas não tão brilhante quando a atuação era no núcleo familiar. Um ponto fraco com todos os personagens da família que não pareciam se encontrar quando estavam juntos, deixando um ar artificial as cenas. Os personagens soltos possuíam atuações envolventes, como a de Adriana Esteves, que deu vida a “Dilza”, esposa de Santana.

Lazaro Ramos e Vini Carvalho_0

No geral, “Mundo cão” é um filme honesto e que vale ser assistido, mas não tão marcante quanto parece.

Essa crítica foi escrita pelo colaborador Renan Araújo