A crise e os grandes eventos recebidos pelo Rio este ano impactaram o orçamento do Festival do Rio e o evento começa com menos filmes, são 250, e mais curto, serão 11 dias. A 18ª edição tem investimento total de R$6,5 milhões, R$2 milhões a menos do que a edição de 2015. A organização, porém, garante que a qualidade do Festival não será afetada e apresenta novidades, como um espaço no Boulevard Olímpico.
Em edições anteriores, o evento, que tem como filme de abertura em 2016 o longa “A Chegada”, de Denis Villeneuveem, já chegou à exibição de 450 filmes e sempre teve 15 dias de duração. Agora, trabalha para se readequar a uma realidade econômica mais austera e busca, segundo a organização, se afinar mais com o público.
“A gente tinha uma reclamação constante de que o festival era grande demais e o que a gente vem fazendo é nos adaptar às datas e padrões internacionais. Em grandes festivais pelo mundo, a duração costuma ser de 10 a 12 dias e o número de filmes fica entre 150 e 170, de forma que o cinéfilo pode estudar melhor, escolher melhor e sentir que está vendo o máximo possível do que está sendo oferecido”, afirma Ilda Santiago, diretora executiva responsável pela programação.
Uma garantia da organização é que o corte em verbas não afeta a qualidade do evento. A programação está repleta de títulos que foram premiados em festivais pelo mundo, como “The Woman Who Left”, de Lav Diazjá, Leão de Ouro no Festival de Veneza, “Apenas o Fim do Mundo”, de Xavier Dolar, Grande Prêmio do Juri em Cannes, ‘Eu, Daniel Blake”, de Ken Loach, Palma de Ouro em Cannes e “Sob as Sombras, de Babak Anvari”, vencedor de Sundance 2016.
Sai Lagoon, entram Roxy e Boulevard Olímpico
Em 2016, as salas do Lagoon, na Lagoa, saem de cena, já que, por conta das provas de remo realizadas no local na Olimpíada, o cinema ainda está interditado. Em seu lugar, entra o Roxy, tradicional cinema de rua em Copacabana, que abrigará a mostra Première Brasil, dedicada ao cinema nacional, com sessões de gala.
“Essa ida para o Roxy tem a ver com um aspecto que a gente valoriza muito, que é a cultura do cinema de rua”, afirma Ilda.
Outra novidade é que o Boulevard Olímpico, nova área de lazer queridinha dos cariocas, ganhará telões que exibirão filmes – de caráter “mais família”- e a organização espera sucesso de público.
Vital para o Festival em outros tempos, os cinemas do Grupo Estação terão uma participação muito menor em 2016, como já houve em 2015. Apenas as duas salas do Estação NET Ipanema e uma em Botafogo exibirão parte dos 250 filmes de mais de 60 países que chegarão às salas cariocas. Aqueles títulos mais concorridos serão distribuídos entre a sala 1 do Estação NET Botafogo, o Roxy, que estará todo dedicado ao evento, o São Luiz, no Largo do Machado, que terá três de suas salas para o Festival, e o Odeon.
Novos públicos para o Festival
Historicamente, o Festival fica muito concentrado em salas da Zona Sul e do Centro, mas a organização garante que há uma preocupação grande de integrar outras áreas ao roteiro. “A ida para uma área popular Boulevard Olímpico é uma tentativa de integrar um público novo”, conta a diretora executiva.
O evento também volta, nesta edição, à Barra da Tijuca. “A Barra acabou saindo da programação porque existia a discussão sobre aquele não ser o público, mas este ano estamos voltamos para Barra, no Downtown. É um trabalho de convencimento de novos públicos à ideia de você se aventurar em vários filmes que você não veria em uma situação regular de pegar um cineminha”, diz. A abertura do Festival também acontecerá, pela primeira vez, na Barra, na Cidade das Artes. Na Zona Norte, ainda que timidamente, também haverá projeções em lonas culturais e arenas, além do sempre presente Ponto Cine, em Guadalupe, mas o circuito completo de salas da cidade que recebem o evento ainda não foi divulgado.
Última chance
Apesar do evento de apenas 11 dias, a famosa repescagem do Festival garante três dias a mais e a última chance de assistir àquele filme que não deu para encaixar na programação. O Roxy, em Copacabana; duas salas do Reserva, em Niterói e o Joia, em Jacarepaguá, reexibirão alguns títulos da programação depois do encerramento. O cinema da Zona Oeste receberá apenas os títulos nacionais.
Ingressos menos salgados
Os ingressos para o Festival ainda não estão à venda, mas uma parceria entre o Festival e o site Ingresso.com, responsável pela comercialização, deve tornar os preços mais baratos para os cinéfilos em 2016. “Neste ano, pela primeira vez, foi negociada uma taxa de conveniência reduzidíssima, sendo que, para quem comprar seis ingressos ou mais, não haverá taxa nenhuma de conveniência”, adianta Ilda.
via: G1