Crítica: ”Harry e Meghan”

Triste e emocionante, essa é provavelmente uma das séries mais comentadas do ano.

Tudo está ali para encantar: a luz, sempre a mais favorável, entra pela janela da sala ensolarada, na Califórnia, onde vive o casal-sensação desde que rompeu o vínculo com a família real da Inglaterra.
Meghan Markle, arrumada, e o príncipe Harry, com a camisa engomada, aparecem narrando sua história de amor desde o início. O primeiro contato foi (surpresa) pelo Instagram!
Em tese, ele não deveria ter uma conta na rede social. Mas tinha. Na produção, ele aparece belíssimo com o filho no colo, alimentando galinhas do quintal. Eles são jovens, ativistas das boas causas e vítimas de uma imprensa sem limites e da monarquia cruel.

Não há contrapontos, como seria praxe num documentário normal. Tudo ali é feito para que eles sejam as vítimas. Todos os depoimentos são de amigos ou da parte da família de Meghan com quem ela se dá bem. Assuntos espinhosos e impossíveis de não se abordar aparecem, inevitáveis – mas obviamente o incômodo é suavizado.

O escândalo envolvendo Harry vestido de nazista numa festa à fantasia é um deles. O príncipe diz que é seu maior arrependimento, mas que aprendeu com o erro. O assunto é tratado rapidamente.

Na abertura, um letreiro diz que “a família real não quis falar no documentário”. Logo depois, o palácio emitiu um comunicado dizendo que não foi procurado. “Harry & Meghan” é a tentativa de mostrar sua versão, suas histórias, e sobretudo, falar de racismo na Inglaterra e no mundo. Embora forçado em alguns momentos, a série é interessante e merece sua atenção.

Cotação: Regular