Coração de Leão – O Amor Não Tem Tamanho

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A comédia romântica argentina “Coração de Leão – O Amor Não Tem Tamanho” escrita e dirigida por Marcos Carnevale, é estrelada por Julieta Díaz ( que viveu Eva Perón no filme Juan e Evita- Uma História de Amor) interpretando a advogada Ivana, e Guillermo Francella (que fez O Segredo dos Seus Olhos) dando vida ao protagonista León, um rico arquiteto, que da origem ao seu título original: “Corazón de León”.

Os dois se conhecem de forma inusitada, ela perde o telefone celular e ele o encontra na rua. Assim acontece o primeiro contato telefônico, que culmina em um encontro no qual ela fica desconfortável e chocada com a condição dele, que é anão. Não fosse por esse detalhe seria apenas mais uma comédia água com açúcar. Ivana se deixa envolver pelo carismático e cavalheiro León, nascendo um romance divertido entre os dois. Os atores interagem muito bem em cena e sustentam o filme de forma crucial.

O que exalta a temática do filme o tempo todo são os enquadramentos e takes, que salientam a diferença de tamanho entre eles. Ao filmá-los sentados, os pés de León nunca alcançam o chão e ficam balançando no ar, em outra cena León em pé conversa com Ivana sentada, ambos ficam na mesma altura.

O fato do diretor ter optado por chamar um ator de estatura normal para fazer o papel de um anão causa certo estranhamento. Guillermo é bem conhecido na Argentina, mas até mesmo para aqueles que não se lembram dele de outros filmes, ficam com a pulga atrás da orelha ao assistir as cenas com efeitos especiais. Em muitas delas fica claro que aquele homem teve seu tamanho alterado digitalmente, o que ainda faz Julieta parecer maior do que ela realmente é.

Se a intenção do diretor foi trazer à tona um assunto polêmico e delicado, que é o preconceito que os anões sofrem na sociedade, fica a questão do por quê não ter chamado um ator anão. O que sem dúvidas teria contribuído muito para a veracidade das imagens, como também para a narrativa em si.

Mesmo assim, é válida a mensagem que o filme passa e chama atenção para um situação que muitas vezes não recebe muita, que é a discriminação dos anões e o fato de se tornarem alvos de chacota. O diretor faz isso através de uma história de amor leve e com uma bela pitada de comicidade, que tem como ponto de partida a dificuldade de Ivana em aceitar a condição dele, por sentir vergonha e medo do que as pessoas vão pensar ao vê-la com um anão. E deixando de lado toda a atenção que é reservada a essa crise durante o filme, vale a pena ver como ele lida com sua condição e a aceita muito bem, dando um show sobre como se amar acima de todas as coisas. No final das contas, o amor próprio é aquele que realmente não tem tamanho, não importando se é baixo, alto, magro ou gordo. O julgamento alheio já é desanimador o suficiente, então para que não nos incentivar e permitir que sejamos felizes da forma como viemos ao mundo? León não se sente à margem da sociedade, e deixa o encorajamento, que no amor ou nas dificuldades diárias nós conquistamos aquilo que acreditamos sermos capazes.