A Nova Vida de Toby entrou tímida neste ano no catálogo do Star+, mas se tornou um dos tesouros escondidos do streaming, conquistando o público. No primeiro momento, a trama centrada em um homem de 40 anos lidando com o divórcio talvez pareça algo banal, porém, a série é daquelas que vai te prender do começo ao fim e te deixar com diversas reflexões.
Confira os motivos para colocar essa minissérie na lista e, quem sabe, esperar que ela apareça como destaque nas premiações deste ano:
ELENCO ESTELAR
A série conta com um elenco de peso, liderado por Jesse Eisenberg (”Truque de Mestre” e ”A Rede Social”), Claire Danes (Homeland), Lizzy Caplan (”Meninas Malvadas” e ”Truque de Mestre 2”) e Adam Brody (série ”The OC” e ”Shazam! 2”). A produção também conta com Christian Slater (Mr. Robot) e Josh Radnor (o Ted de How I Met Your Mother).
Adaptando o livro de Taffy Brodesser-Akner, a história acompanha Toby (Eisenberg), um médico de quarenta anos em crise lidando com o divórcio e o novo mundo dos relacionamentos por aplicativo. No meio disso, sua ex-mulher, Rachel (Danes) desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Para lidar com essas mudanças, ele contará com a ajuda dos amigos Seth (Brody) e Libby (Caplan).
É a partir do divórcio que a série mostra a condição humana: revolta, solidão, finitude, insatisfação e libido são alguns pontos que irão construir os retalhos do novo capítulo de Toby e das pessoas a sua volta.
A filha de Toby se rebela para se encaixar no grupo de amigas que são mais ricas que ela, Libby sofre com a monotonia de ser uma dona de casa e não suporta o estilo de vida hipócrita do subúrbio, enquanto Seth se sente atrasado por estar na casa dos quarenta sem ter se casado e sem filhos.
NARRATIVA DIFERENCIADA
O destaque de A Nova Vida de Toby é a maneira em que é contada a história. Libby, amiga de longa data de Toby, é quem se identifica e narra a trajetória dele, nos trazendo as minúcias dos sentimentos e reflexões que ela faz como testemunha do luto do amigo.
A trama constrói uma narrativa em formato de crônicas, com pinceladas de surrealismo em meio à condição humana. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça, a câmera agitada capturando como os personagens se encontram emocionalmente, o que é incrível.
UM RETRATO DOS RELACIONAMENTOS
No primeiro momento, nos é apresentado apenas o ponto de vista de Toby. Magoado pelo divórcio, o médico encara a nova realidade com ressentimento por não ter mais a vida que considerava “normal”— ou o que a sociedade assim considera —, de estar casado e ter filhos. Em contrapartida, Rachel é uma agente com a carreira em ascensão que sempre tenta tirar Toby do seu conformismo.
Toby pode ser o personagem central, mas a trama exclama sobre as vivências femininas e suas adversidades. Sendo sincera, preferiria que traduzisse o título original, Fleishman Is in Trouble, pois a série vai além da visão de Toby e seus sentimentos – até considerados misóginos, ainda que humanos – em relação à ex-mulher.
A série faz um conturbado retrato dos relacionamentos modernos: disseca as divisões do trabalho doméstico, as mentiras sobre o casamento, os danos causados pelo mito do “felizes para sempre” e a melancolia da meia-idade.