Viúva de cinco maridos, mulher de vasta experiência está em busca do sexto. Enquanto isso, compartilha sua história, especialmente detalhes de suas paixões. “Quando começo a falar, muitas pessoas têm a impressão de que o texto é atual, mas, na verdade, foi escrito no século 14”, diverte-se Maitê Proença, que estrela a peça ”A Mulher de Bath” no Teatro XP Investimentos.
De fato, a viúva é um dos personagens da obra ”Contos da Cantuária”, do escritor Geoffrey Chaucer (1343-1400), um dos autores basilares da literatura em língua inglesa – seus escritos ajudaram a sedimentar não apenas o idioma, como também a ficção e a poesia da Inglaterra. “Chaucer teve a ousadia de tratar de temas delicados e por meio de uma mulher, o que torna seu texto ainda mais indispensável”, observa Maitê que, com o espetáculo, comemora 40 anos de carreira.
”A Mulher de Bath” é narrado por Alice que, na Inglaterra da Idade Média, revela sua esperteza ao, sem contestar abertamente os preceitos morais da época, tratar dos prazeres do sexo como algo que não deveria ser privilégio dos homens. “E, o que é melhor, ela utiliza as determinações cristãs para defender sua opinião. Com isso, Alice consegue o que deseja sem pecar”, observa Maitê, que recebeu a indicação do texto por um amigo, José Mario Pereira, editor da Topbooks.
Fascinada, Maitê percebeu que a versão para o palco só poderia ser dirigida por um profissional especializado na palavra. Foi o que naturalmente a conduziu a Amir Haddad que, curiosamente, dirigiu um espetáculo semelhante no ano passado: o monólogo Antígona, protagonizado por Andrea Beltrão.
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