Mais de 30 anos depois de Star Wars, Harrison Ford retorna em Ender’s Game – O Jogo do Exterminador, uma reflexão sobre a guerra e a relação entre jovens e adultos que seduziu”o ator, ainda ativo aos 71 anos.
Ender’s Game – O Jogo do Exterminador, que estreia sexta-feira nas telas americanas (13 de dezembro no Brasil), é adaptado de um romance do popular escritor americano Orson Scott Card e dirigido pelo cineasta sul-africano Gavin Hood (Tsotsi, X-Men Origens: Wolverine).
Harrison Ford interpreta o coronel Graff, um instrutor encarregado de preparar um grupo de crianças e adolescentes, escolhidas a dedo, e que terá a difícil tarefa de liderar as forças armadas para proteger a Terra de uma iminente invasão alienígena.
Neste mundo futurista, onde a humanidade confia seu destino à juventude, o mais talentoso é o tímido Ender (Asa Butterfield, o jovem herói de Hugo Cabret), um estrategista militar brilhante, destinado a assumir o comando do exército.
Entre naves espaciais e cenas sem gravidade em uma bolha transparente, onde os jovens recrutas simulam suas batalhas intergalácticas, Harrison Ford reencontra o gênero da ficção científica, que havia abandonado desde Star Wars, com exceção de ‘Caubóis & Aliens’ (2011).
E a ficção científica muito mudou desde a saga de George Lucas, como recordou o ator durante uma coletiva de imprensa em Beverly Hills.
“Quando fizemos Star Wars, fabricávamos as naves com pedaços de carros, trens e barcos de plástico que colávamos, e fazíamos passar em frente às câmeras com uma vara. E funcionava. Era muito bom. Com um pouco de música você realmente acreditava que uma grande nave espacial passava por cima de nossas cabeças”, comentou.
“Não sou um ícone”
Os efeitos especiais criados em computador mudaram a relação do ator com o filme. “Muitas vezes eu sinto perder o contato com o lado humano do personagem, quando isso é o mais importante”, adverte.
Aos 71 anos de idade, o ator está mais ativo do que nunca, com três outros filmes estreando este ano: 42, Paranoia e Lendas Vivas. “Eu adoro dar vida a algo escrito em um pedaço de papel”, afirmou.
“Eu amo o processo colaborativo na produção de um filme, o que quer dizer que eu amo meu trabalho e vou sempre procurar papeis potencialmente atraentes e populares”, acrescenta o inesquecível Indiana Jones, enquanto refuta seu status de “ícone”.
“Um ícone, para mim, não significa nada. Acho que tem a ver com o enorme sucesso de alguns dos meus filmes, mas não tenho nenhum interesse em ser um ícone. Eu não sei o que significa ser um ícone, além de ser pendurado em um canto e atrair a atenção de todos”, brinca.
O tema da violência, intrínseca ao livro, não foi evitado pelo diretor. “Eu queria que a violência tivesse ar de real, sem ser complacente”, explicou Gavin Hood à AFP.
“Espero ter encontrado o equilíbrio. Eu deveria mostrar Ender indo mais (…) porque a história é justamente sobre seu combate interno contra seus instintos violentos”, ressaltou.
Ao treinar os jovens recrutas para o combate por meio de jogos de videogame ultrassofisticadas, o livro, publicado em 1985, é visionário, lembra o cineasta. “Ele antecipou o modo como os jogos se parecem com a guerra, e a guerra parece com os jogos, o que chega a ser assustador”, diz.
A jovem Hailee Steinfeld, indicada em 2011 ao Oscar de Melhor Atriz por True Grit dos irmãos Coen, interpreta Petra, a melhor amiga de Ender, rejeita por sua vez o termo violência.
“Penso sobretudo que o nível de intensidade é muito elevado”, declarou à AFP. “Esses meninos treinaram para lutar contra uma invasão. Mas não acredito que a intenção de Gavin era de tornar as coisas violentas”.
Fonte: AFP