Nascido e criado no Rio de Janeiro, Johnny Massaro tem 26 anos e começou a atuar em 2003. Atualmente, está no ar na novela das sete da TV Globo, ”Deus Salve Rei”. Na obra, ele é o mulherengo Rodolfo, irmão caçula do príncipe herdeiro Afonso (Rômulo Estrela).
No cinema, estreia como protagonista do filme Todas As Razões Para Esquecer, de Pedro Coutinho. No final de 2017, esteve em cartaz com O filme da minha vida, dirigido por Selton Mello, um dos maiores sucessos do ano.
Nessa entrevista, o ator fala sobre seu novo projeto, confira:
Como se deu o convite para encarar o papel de Antônio no filme? O Pedro estava começando o processo do filme e à procura do Antônio. Em uma conversa com o Bruno Mazzeo (ator e roteirista), acabou chegando até mim. Ele me mandou o roteiro, eu li, marcamos um café, conversamos e pronto: fizemos um filme!
E como você se preparou para interpretar a personagem? Quais foram os principais desafios? O principal desafio (e delícia) são sempre as mudanças que determinado trabalho impõe no meu cotidiano, como eu lido com isso e como isso se transforma em material para o próprio trabalho. No caso do filme, precisei me mudar durante dois meses para São Paulo.
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Todas As Razões Para Esquecer é um filme da atualidade. Você se identifica com o personagem? O meu caminho de construção é sempre eu mesmo. Afinal, não posso dar algo que, de alguma forma, não esteja dentro de mim. Penso que dessa forma as diferenças aconteçam por si só. Partilho com o Antônio alguma dificuldade no que diz respeito à comunicação. Não penso que seja simples, especialmente em uma relação, a comunicação clara. É algo que demanda respeito, sensibilidade, cuidado, tempo e atenção. Mas geralmente não temos consciência das nossas questões e acabamos jogando a responsabilidade para o outro, como acontece com o personagem.
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O filme traz a mensagem de que homens, sim, sofrem por amor. Colocar isso para fora ainda é um tabu para os homens da nossa sociedade atual? Como você enxerga essa reação do Antônio com o término do relacionamento com Sofia? A sociedade criou um ideal masculino que impende a conexão do homem com sua própria sensibilidade, resultando em homens que não podem ou não devem mostrar seus sentimentos. Isso não serve à ninguém. Penso que grande parte dos maus da humanidade tem raiz na deturpação do que significa “ser homem”. Acredito profundamente que uma atualização do masculino, mais conectado e consciente, inclusive, claro, com o (seu) próprio feminino, será uma das chaves para um novo momento da humanidade.
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Apesar da situação dramática em que se encontra o personagem, Antônio é ao mesmo tempo cômico e triste. Como foi equilibrar a tristeza e o humor num único papel? Foi algo natural, uma coisa apoia a outra. Gosto de pensar que tudo pode ser trágico e cômico ao mesmo tempo. Não só como ator, mas também como pessoa. A banalização da violência pelos jornais, por exemplo, é tão trágica que chega a ser cômica.
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Como foi contracenar com Bianca Comparato? Foi a segunda vez que tive o prazer de encontrar a Bianquinha em um trabalho, então foi o refinamento de uma parceria que me trouxe e que me trará muitas alegrias, certamente.
Como foi a relação com Pedro Coutinho durante as filmagens? Esse é a primeira parceria entre vocês? Eu sempre piro na figura do diretor. Geralmente, tento traçar paralelos entre essa figura e a personagem, por motivos que me parecem um tanto óbvios mas que seriam difíceis de explicar. No caso do Pedro, pude levar isso até as últimas consequências, já que ele não só dirigiu como escreveu e produziu o filme. Naturalmente tinha muito dele na coisa toda, então foi delicioso tentar entender o Antônio ao mesmo tempo que tentava entender o Pedro. Na verdade, uma coisa significava a outra.
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O que você, Johnny, aconselharia para quem – homem ou mulher – está sofrendo com o fim de um relacionamento? Tentar criar distância da situação e de si mesmo para que o tempo faça seu trabalho e recoloque as coisas no lugar. E se estiver doendo, não lutar, mas aceitar a dor.
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O que você espera da reação do público ao assistir Todas As Razões Para Esquecer nos cinemas? Espero que as pessoas percebam, assim como o Antônio, que para amar o próximo é preciso antes aprender a amar a si mesmo. E que a dor, assim como as alegrias, faz parte do caminho. Felizmente.
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”Todas as razões para esquecer” já está nos cinemas. Confira o trailer clicando aqui