É a vida real, diz Woody Allen sobre filmar homens velhos com “novinhas”

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Depois de filmes detonados pela crítica como “Grace de Mônaco” e “O Grande Gatsby”, o Festival de Cannes decidiu apostar num valor seguro para abrir a edição deste ano. Todo mundo ama Woody Allen, mesmo que seus novos filmes não sejam tão bons como nos tempos de “A Rosa Púrpura do Cairo” ou “Hannah e suas Irmãs”.

Seu novo “Café Society”, é primo de “Meia-Noite em Paris”, que abriu o festival há cinco anos: um filme de época charmoso, com bastante romance e um certo tom melancólico. Bobby (Jesse Eisenberg, o Lex Luthor de “Batman vs Superman”) é um rapaz judeu de Nova York que vai pra Los Angeles trabalhar com o tio (Steve Carell, que substituiu Bruce Willis nas filmagens), um poderoso agente de atores em Hollywood. O rapaz se apaixona por Vonnie (Kristen Stewart), secretária do tio – mas ela tem um namoro secreto com um homem mais velho. Quando o romance empaca, ele volta a Nova York para ajudar o irmão mafioso a dirigir o luxuoso Café Society do título.

Como sempre nos filmes do diretor, Jesse é um alter ego de Woody – mais próximo ainda pelas origens judaicas. “Se fosse anos atrás, eu mesmo faria o papel. Mas eu faria de um jeito menos inspirado, porque sou comediante, não ator. O Jesse tornou o personagem mais complexo e interessante”, disse Allen.

Woody filma Kristen Stewart como uma diva de filme noir dos anos 1940, com seus belos olhos cinza, sem as lentes castanhas que fizeram dela a mocinha comum da saga “Crepúsculo”. E também participa narrando a história toda. Como Kristen é apaixonada por um homem mais velho no filme, Allen não pôde escapar da pergunta de uma repórter: por que em seus filmes há sempre homens mais velhos com mulheres mais novas, e não o contrário?

“Eu não hesitaria em filmar isso se eu tivesse uma boa ideia. Mas não vejo muitas experiências assim na vida real. Quando eu tinha 30, lembro que era muito atraído por uma mulher maravilhosa de 50. Mas não tive ideia ainda para uma história”, respondeu, acanhado, logo depois de se definir como um cara romântico. “Não que as mulheres da minha vida necessariamente concordem com isso”, brincou.

Allen é conhecido por seu casamento polêmico com Soon-Yi, 35 anos mais jovem e filha adotiva de sua ex-esposa, Mia Farrow. 

“Ainda sou jovem”

A idade não parece assustá-lo. “Não posso acreditar que já tenho 80 anos. Ainda estou bem disposto, com a mente ligada. Isso é pura sorte. Meu pai viveu até os cem, minha mãe quase chegou a isso. Ainda me sinto jovem. Enquanto houver gente boba o suficiente para me dar dinheiro, vou continuar fazendo meus filmes.”

Alguém quis saber por que os filmes de Woody sempre são exibidos fora de competição em Cannes. “Não acredito em competição nas artes, só nos esportes. O júri vai achar o melhor filme, eu posso achar o mais chato. É tudo muito subjetivo. Não dá para dizer que Rembrandt é melhor que El Greco, ou que Matisse é melhor que Picasso”.

Kristen, que ainda volta para outro filme da competição, “Personal Shopper”, comentou sobre a dor e a delícia do mundo da fama em Hollywood. “Qualquer campo de trabalho tem gente ambiciosa e competitiva, mas em Holywood isso é muito mais visível. É como nos tempos do colégio, só que aumentado.”

Nos EUA, “Café Society” vai ser lançado pela Amazon, plataforma de streaming concorrente da Netflix que, depois dos cinemas, vai lançá-lo com exclusividade. A Amazon também produziu a primeira série de Woody, com Miley Cirus no elenco, que estreia este ano. O filme tem estreia prevista para outubro no Brasil.

 

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