Um dos diretores mais queridos de Hollywood, Ron Howard está de volta às salas de cinema neste mês com a aventura épica “No Coração do Mar”, estrelada pelo galã australiano Chris Hemsworth. O filme se passa em 1819 e narra as aventuras de um navio baleeiro mas, para o cineasta, a história é muito mais moderna que seu longa mais famoso, “Apollo 13”. “Ele vai a lugares mais obscuros e a história é mais complexa”, ele disse em entrevista.
Em “No Coração do Mar”, Howard conta a história real de Owen Chase (Hemsworth), sobrevivente do navio Essex, que ficou à deriva no Pacífico por 90 dias após ser atacado por uma baleia. O episódio, conhecido como “Titanic do século XIX”, inspirou o autor Herman Melville a escrever “Moby Dick”, clássico norte-americano.
Este é o segundo trabalho de Howard e Hemsworth juntos, após o sucesso relativo de “Rush” (2013), em que o australiano interpretou o piloto de F1 James Hunt. “Ele tem a presença na tela, tem o carisma, e um visual ótimo, todas essas coisas”, falou o diretor sobre o Thor dos filmes Marvel. “Ele é muito ambicioso em relação ao que ele quer.”
Leia os melhores trechos da entrevista de Ron Howard sobre “No Coração do Mar”:
Trabalhar com Chris Hemsworth
“Ele tem uma perspectiva e um olhar incríveis. Ele tem a presença na tela, tem o carisma, e um visual ótimo, todas essas coisas. Mas ele também é muito ambicioso em relação ao que ele quer fazer. Ele está crescendo, e não apenas enfrentou o desafio do James Hunt, mas ele acrescentou, ele encontrou detalhes no personagem que eram corajosos. Eu gostei da maneira como ele fez aquele personagem. Então, quando ele me trouxe esse roteiro, achei que era uma combinação ótima. Quando você lê sobre o Owen Chase, você acha que o Chris nasceu para interpretar esse papel. Houve a transformação, e eu sabia que ele poderia ser as duas coisas: o cara extraordinário, caçador de baleias, mas ele também podia expor vulnerabilidade emocional.”
Comparação a “Apollo 13”
“É um primo de ‘Apollo 13’. Em termos de estrutura é muito parecido. Ele vai a lugares mais obscuros e a história é mais complexa. De algumas maneiras é um filme mais moderno que ‘Apollo 13’, eu acho, mas no seu núcleo, essa pergunta de ‘como as pessoas sobrevivem a desafios?’ ou ‘o quanto eles querem voltar para casa?’, esses são sentimentos universais.”
Filme épico aos 60 anos
“Quando tive a oportunidade de fazer esse filme, eu estava em um momento na minha vida em que eu tinha todas aquelas experiências prévias para me inspirar. Eu realmente precisava usar todas as ferramentas que estavam à minha disposição com confiança. Porque nós não tínhamos uma quantidade infinita de dinheiro para trabalhar. Então as decisões tinham que dar certo, as escolhas tinham que segurar bem. Eu tinha muita experiência em todos os tipos de drama, efeitos visuais, trabalhar na água. Então eu pude tomar decisões com mais confiança. Isso nos ajudou. Nós tínhamos uma agenda de 73 dias e terminamos em 72. Para um filme como esse, na água, com efeitos, fizemos um bom trabalho.”
Baseado em fatos reais
“A primeira vez que eu li o roteiro eu não sabia [que era baseado em fatos reais]. Achei realmente interessante, um conjunto bom de desafios, um ótimo papel para o Chris… Mas parecia só um jeito diferente de dar uma nova cara a ‘Moby Dick’. E aí me falaram ‘não, não, é uma história verdadeira.’ E eu achei que estavam brincando. Eu fui olhar na Wikipedia, li o livro, e achei que era uma adaptação muito boa de um evento real. Isso é chocante! Quem diria? Então virou outra proposta para mim.
O valor de fazer histórias reais, no começo da minha carreira, me dava muito medo, mas agora eu acho que é libertador. Se você, é claro, aceitar a forma estrutural da história. Mas te permite a escolher histórias em que os resultados são inesperados e ultrajantes. De uma maneira, se fosse ficção, o público não aceitaria.”
Como escolher boas histórias para filmar
“Eu tenho que sentir algumas coisas. Tenho que sentir uma conexão com os temas e as possibilidades da história. Algo que eu entenda e que possa oferecer de mim mesmo. Tenho que acreditar que eu posso dar ao público algo que valha o tempo deles, que tenha uma chance de ser memorável, ou algo que eles vão querer ver uma segunda vez. E também pensar que terei uma experiência criativa com os colaboradores… Quem vai ser o ator? Quem vai escrever? Com quem eu vou estar nas trincheiras com as mangas arregaçadas?
Não é sempre o mais importante, mas é um fator que conta.”