O filme é baseado na história real de um cantor de folk famoso nos Estados Unidos. Al Pacino sempre brilhante, dá vida ao cantor de meia idade, Danny Collins, que já teve o seu auge e se encontra estagnado cantando músicas antigas e vazias, que agradam o seu público limitado. Frustrado com sua vida pessoal e profissional, não compõe nada há 30 anos. Então, seu empresário (Christopher Plummer) lhe entrega uma carta que lhe foi enviada em 1971 por John Lennon mas nunca chegou às mãos do destinatário, em resposta a uma declaração que Collins deu ainda jovem para uma rádio, falando sobre quanto o poder do dinheiro poderia influenciar na forma de um artista trabalhar a sua obra. A carta só chega à ele décadas depois, funcionando como a gota d´água que faltava para o cantor mudar o rumo de sua vida. Pacino não deixa de lado em Danny seu ar consciente de que não importa o que aconteça, vai dar certo no final.
Seguindo o conselho de Lennon, ele quer voltar a ser honesto a si mesmo. A começar, vai a procura do seu único filho, que nunca conheceu: Tom, interpretado pelo bronco Bobby Cannavale, dessa vez um pouco mais calmo e centrado. Assim, Danny conhece também sua nora Sam (Jennifer Garner, especialista em interpretar personagens doces e compreensivas) e sua pequena neta Hope (Giselle Eisenberg) que encanta com uma interpretação perfeita da delicada menina inquieta, definitivamente muito bem aproveitada no filme, incrementando na medida certa a pitada de comédia ao drama.
A partir daí inicia a saga do cantor ao tentar se aproximar de sua família, indo para a pacata Nova Jersey se hospeda em um hotel e conhece a gerente Mary ( Annette Bening), por quem desde o início nutre admiração. A relação dos dois é muito bonita, apesar de Mary negar todas as tentativas frustradas de Collins levá-la para jantar. Mary ainda assim funciona como uma companheira, ela lhe dá conselhos, e principalmente incentiva Danny a compor e mostrar quem ele realmente é como artista também. Os diálogos entre os dois são extremamente inteligentes, uma fala rebate a outra, acompanhando uma linha de raciocínio bem humorada
O diretor explora bastante a temática do arrependimento, Danny se deixa levar pelo sucesso que faz durante muitos anos de sua vida, esquecendo de fazer aquilo que lhe dava prazer, se rendendo a músicas que agradassem ao público em geral, se perdendo de sua profundidade ao criar. O paradoxo da tradução do título original que é apenas “Danny Collins”, diz exatamente o contrário do que ele faz durante o filme. Danny olha para trás e tenta consertar tudo aquilo que fez de errado no passado: volta a compor, entra em contato com o filho que abandonou e quer fazer parte de sua família, se separa da mulher superficial e interesseira, e procura se relacionar com alguém da sua idade e com conteúdo crítico.
É interessante a dinâmica utilizada por Danny ao tentar uma proximidade de sua família, ele está sempre usando dos meios que conhece melhor, o dinheiro e sua influência. Compra o perdão de seu filho ao pagar integralmente a educação de sua neta que sofre de TDAH, custos que Sam e Tom jamais poderiam arcar e enche a neta de presentes. Apesar disso, consegue se redimir ao acompanhar o filho em sua jornada de exames e tratamento contra um câncer, mostrando ser finalmente o suporte e a amizade que um filho espera de um pai.
A doçura do filme de Dan Fogelman está nos pequenos detalhes e diálogos bem arranjados. A relação de Danny com sua neta Hope é linda de ver, tamanha pureza e sintonia entre os dois. Al Pacino nos surpreende a cada filme, dessa vez ao se relacionar com uma menina de 4 anos faz a mágica acontecer. Assim, o filme que era para ser um drama carregado se torna uma comédia leve e gostosa. O final Hollywoodiano nunca nos decepciona e mesmo fugindo dos padrões, consegue ser previsível.