Aos 25 anos, Quico Meirelles está trilhando um caminho de sucesso. Graduado em Audiovisual pela ECA-USP, elaborou o curta ”A Galinha que Burlou o Sistema”, seu trabalho de conclusão de curso que fala sobre criação industrial de aves para a produção de ovos e de carne. O curta foi exibido em mais de 120 festivais e ganhou 33 prêmios no Brasil e no exterior.
Também trabalhou na equipe dos longa-metragens Ensaio sobre a Cegueira (2008), Xingu (2011) e 360 (2011). Dirigiu episódio das séries Contos do Edgar (FOX, 2013) e Lili, a Ex (GNT, 2014), além da criação e direção geral da série Os Experientes, que estreia amanhã na Rede Globo.
Bem humorado, Quico fala nessa entrevista sobre as comparações com o pai, o também diretor Fernando Meirelles, o mercado de trabalho, e muito mais. Confira:
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Poderia falar sobre o surgimento do projeto ”Os Experientes”? De onde veio a ideia de falar sobre a terceira idade?
Eu sou muito próximo dos meus avós, a ideia surgiu daí. Gosto desse universo. Sempre reparei que não existem muitos papéis para atores mais velhos, o que é uma pena… Então esse foi o ponto de partida.
Você decidiu fazer cinema por causa do seu pai? Sempre quis ser diretor?
Na verdade, esse caminho foi meio que natural pra mim. Eu sempre gostei muito do set, da linguagem de cinema… Quando era mais novo fiz alguns comerciais como ator, então eu achava que ia ser ator (risos). Também fiz uns trabalhos como fotógrafo na faculdade.
Não… não penso muito sobre isso. Claro que as pessoas sabem que sou filho dele, mas enquanto eu estiver satisfeito com meu trabalho, vou continuar fazendo, sem me importar com a opinião dos outros. Se eu fizer um trabalho ruim, a primeira pessoa a achar ruim vou ser eu! (risos).
No ano passado, li um texto maravilhoso que você escreveu sobre a Lupita Nyong’o para a revista ”TPM”. Qual sua relação com a escrita?
Eu gosto bastante de escrever! Gosto de contos, de ficção, já roteiro acho mais intenso e complicado. Esse texto sobre a Lupita surgiu quando a editora entrou em contato comigo, pois ficou sabendo que eu já tinha trabalhado com ela, e pediu pra eu escrever um pouco sobre a experiência. Daí eu escrevi, o pessoal da revista gostou e foi publicado.
Poderia contar um pouco como é a rotina no set?
Quando as pessoas chegam no set, já está tudo mais ou menos definido. Já tem um plano definido, então eu chego, falo um pouco com os atores, com o diretor de fotografia, a gente vai vendo os movimentos dos atores, como está a luz, então vai encaixando as coisas. Os atores também já chegam sabendo o tom do personagem, já tem uma coisa um pouco mais definida. Eu tento chegar mais aberto, gosto de fechar na hora, embora existam diretores que sejam super cartesianos; alguns chegam no set já com tudo montado, perfeito. Isso depende, varia de pessoa pra pessoa.
Tirando seu pai, quais são os diretores que você admira?
Putz, posso fazer uma lista de uns 50 nomes pra você? (risos) De cabeça assim, entre os brasileiros, eu posso contar o Nando Olival, o Adriano Goldman e o José Eduardo Belmonte. Fora do Brasil eu gosto dos irmãos Coen, do Gus van Sant e do Paul Thomas Anderson.
É um trabalho onde tem muito freela, é raro alguém ser contratado, trabalhar numa produtora e tal. A maioria das pessoas começa fazendo estágio, começa como assistente mesmo no set. Acho que não pode ter vergonha, tem que pedir oportunidade, isso é importante, até pra conhecer as pessoas do meio. Muita gente que está na faculdade faz curtas metragens também, é bom participar desses projetos, você ganha experiência.