Ator, cantor, diretor, roteirista: para João Côrtes, de 25 anos, o céu é o limite.
Além de seu primeiro trabalho como diretor no longa ”Nas mãos de quem me leva”, ele também poderá ser visto na série americana-brasileira ”O Hóspede Americano”, da HBO, e na série ”Sala dos Professores”, do canal CineBrasil.
Nessa entrevista exclusiva, o ruivo fala sobre quarentena, produções artísticas, roteiro e mais.
Confira:
1. Oi João, queria saber como você está lidando com a quarentena e como está sendo sua rotina de produções artísticas.
Olha, tem sido uma montanha russa de emoções. Bem intenso! Eu tenho dias bons e dias ruins. Acho que como todo mundo, né? Estamos atravessando uma fase muito difícil na história da humanidade. Eu sinto, do fundo do meu coração, que vamos sair extremamente fortalecidos dessa quarentena. Com uma visão do nosso mundo, da nossa sociedade completamente transformada. Eu mesmo já cortei o cabelo, já pintei a barba, já escrevi roteiro, estou filmando o clipe do meu primeiro single, escrevendo outro roteiro agora… Também tenho lido bastante, assistido bastante coisa, séries, filmes… E sigo me reinventando, tentando ser produtivo, mas ao mesmo tempo, respeitando meu tempo, meus limites e meu emocional.
2. Vamos falar sobre ”Nas mãos de quem me leva”, seu primeiro filme como roteirista e diretor. O que pode adiantar sobre esse projeto?
O “Nas Mãos de Quem Me Leva” foi um roteiro que escrevi em 2017, demorei uns oito meses pra terminar. Comecei a fazer algumas leituras em casa, com amigos atores, roteiristas e produtores para ouvir opiniões. Foi ótimo! Fiz alguns outros tratamentos do roteiro até fechar. 2018 foi um ano que trabalhei muito como ator, então não pude dar atenção pro projeto. Mas no início de 2019, eu, junto de meu pai, Ed Côrtes, nosso produtor e parceiro Igor Lovato e meu irmão, Gabriel Côrtes, decidimos abrir nossa produtora de audiovisual, a Tentáculo Rec. e filmar.
“Nas Mãos…” é um drama sobre a vida de uma jovem mulher, Amora, que se torna órfã muito cedo e tem que lidar com os desafios de crescer criada por uma avó, com quem tem um relacionamento tempestuoso, e tem que aprender a conquistar sua liberdade. O filme foi produzido de maneira 100% independente, sem apoio da Ancine ou de qualquer lei de incentivo. Fizemos do bolso. Foram três meses de pré-produção e filmagem, de muito trabalho, mas que valeram muito a pena! É o meu primeiro grande projeto como roteirista e diretor. Juntamos parceiros incríveis, uma equipe e elenco talentosíssimos e que acreditaram no projeto junto com a gente. Foi lindo. O filme agora já está pronto, e estamos no processo de fechar a distribuição, e estruturar uma carreira de festivais – pra depois disponibilizarmos em alguma plataforma – Tv, cinema ou digital. Em breve (se tudo certo, nesse ano ainda) teremos notícias ótimas pra divulgar!
3. O que o levou a estudar mais sobre roteiro? O que mais te encanta nesse trabalho?
Eu sempre gostei muito de escrever. Desde pequeno escrevo textos, crônicas e afins, mas eu comecei a ter muita vontade de escrever meus próprios filmes. Acho que também por ser cinéfilo de carteirinha (risos). Me encanta a possibilidade de criar suas histórias, seus personagens, criar as dinâmicas entre eles – e de criar oportunidades para tantos amigos artistas talentosos à minha volta brilharem! Isso também foi um dos grandes motivadores.
4. Quais projetos seus foram interrompidos antes da quarentena? Lembro de ver seu nome envolvido na série ”O Anjo de Hamburgo”, da Rede Globo.
Sim, um dos projetos foi a série “O Anjo de Hamburgo”, tinham outros projetos de séries encaminhados, mas não sei se posso falar ainda. Além disso, era o ano de lançar o longa pro mundo, e meu disco. Duas coisas que tivemos que repensar toda a dinâmica. Mas jamais impedir. Vai rolar!
5. Você começou na carreira super novo, ainda adolescente, fez filmes, séries e até teatro musical. Que tipo de projeto te motiva? Qual seu personagem dos sonhos?
Acho que os projetos que me motivam de alguma forma, são os que mais me desafiam. Ou que abordam assuntos que, pra mim, tocam meu coração, ou que naquele momento são urgentes. Tenho buscado cada vez mais projetos ousados, que saem do comum. Tanto no âmbito de roteiro e história , mas também no de personagens. Eu gosto de explorar lados meus que não são óbvios. Obscuros, complexos, fragilizados ou com desequilíbrios. Quanto mais cor e humanidade, mais sabor!
6. A área cultural brasileira está bem sucateada nos últimos meses, tendo em vista esse entra e sai de ministros e um pânico geral da população. Em sua opinião, ainda existe uma luz no fim do túnel?
Sempre existe. A esperança é a última que morre. A frase é clichê, mas é verdadeira. Acredito muito no nosso potencial, nos artistas brasileiros. Na nossa incrível capacidade de nos reinventar constantemente. Somos fortes, somos muitos e somos talentosos! Temos muito o que criar, o que dizer, o que cantar, o que filmar…