5 perguntas para… Roberto Birindelli

Roberto Birindelli é ator e diretor. Nasceu no Uruguai e já fez cinema, teatro e TV. Atuou nas novelas ”Além do Tempo”, ”Império”, ”Sangue Bom”, ”Viver a Vida” e também no suspense nacional ”Isolados”, como Bruno Gagliasso.
Atualmente, ele está filmando longa sobre o lava-jato, “Polícia Federal – A Lei é Para Todos”, onde interpreta o doleiro Alberto Youssef. 
Confira entrevista exclusiva, onde ele faz um balanço sobre o ano de 2016 e sobre o cinema nacional:

Olá Roberto. Primeiramente, gostaria de saber como começou o seu envolvimento com o projeto do longa ”Polícia Federal”.
O que te motivou a contar essa história? Como você fez para entender melhor esse personagem?
Veio como convite do roteirista, Thomás Stavros. Estou trabalhando já em dois projetos dele: a série ”Um contra todos”, de Breno Silveira, e uma nova série para 2017. Ele me falou do longa – a princípio não é uma história que queira contar, pois não sabemos o desfecho. É como falar de um animal que a gente não sabe ainda onde está a cabeça. Topei até para tentar entender mais – já que vou ter acesso a mais dados de pesquisa, delações premiadas…
Entender, por exemplo, porque a Lava jato nem se interessa por indícios ou provas contra políticos do PSDB. Quanto ao doleiro Youssef, desde onde você o observe, seja direita, esquerda, de qualquer tendência, é um contraventor, safo, bem articulado. Mas intuo algo cômico, como uma sátira que permeia a certeza de impunidade que envolve o foro privilegiado dos políticos. Esse é um tema que gostaria, sim, de discutir: a urgência pelo fim do foro privilegiado.

 

2016 foi um ano muito interessante pra você, muita coisa aconteceu, tanto na TV quanto no cinema. Sobre projetos na tv, pode falar um pouco sobre os novos rumos do seu personagem em ”Um contra todos’’?
Realmente 2016 foi uma trabalheira… Estou atuando no quarto longa do ano e na segunda série (HBO – A vida secreta dos casais, e FOX segunda temporada 1xtodos). Pepe é o chefe do tráfico, que salva e cria/deforma o Cadu à sua imagem e semelhança. Na primeira temporada era mais sutil, e agora não tem receio de mostrar suas garras. É um diabo criando delicadamente seu demôniozinho.

 

Você já interpretou personagens marcantes em diversos trabalhos. Sua preparação para ”Boi Neon” foi diferente, por exemplo, da preparação para ”O tempo e o vento”? Como você trabalha para encontrar a essência dos personagens?
Gosto de variar bem de um personagem pro outro. Em ”Dolores”,  faço o papel de um fazendeiro filho de alemães nos anos 40, na pampa argentina. Um certo grau de refinamento, ao mesmo tempo convivendo com o dia a dia rude do campo. Se trata de um triângulo amoroso, tendo como pano de fundo a segunda guerra. A preparação foi com o Sergio Penna. Em março estreia no Brasil.
Já no longa ”O olho e a faca”, de Paulo Sacramento, faço o papel de um petroleiro, envolvido num acidente numa plataforma em alto mar. Essa dureza, instintiva, de ação, necessitava de outra pegada. Foi bárbaro trabalhar com a Fátima Toledo. E a oportunidade de vivenciar a realidade em loco foi brutal. Ficamos 12 dias embarcados, filmando e vivendo essa vida. 

Que dica você daria para um jovem que quer ser ator? Sabemos que esse meio é ultra competitivo e infelizmente muita gente acha que fazer novela é só glamour, tapete vermelho e aparecer em capas de revista…
Pois é, também tem isso. Ao menos, é o que chega no grande público através da mídia, das revistas que vivem disso, etc. Mas a gente rala muito! Tem semanas que passam 40 horas de trabalho. Às vezes grava sábado, domingo, véspera de Natal, e por aí vai.
É possível que tenha algo como 1000 candidatos para cada vaga numa grande emissora… Nenhum concurso tem essa relação!
Minha experiência em TV é bem pequena, fiz algumas séries e novelas. Sou mais habituado ao cinema mesmo. O que eu diria a um jovem ator é começar pelo teatro e nunca desistir!

 

O cinema brasileiro teve muito destaque esse ano por conta do elogiado ”Aquarius”. Você acha que o País vive um momento rico em produções? Sempre tivemos trabalhos bons para mostrar ao mundo, mas parece que só agora a mídia internacional ”acordou” para nosso conteúdo. Como você avalia isso?
São momentos. Às vezes temos boa produção e pouca divulgação, ou vice-versa… este período combinou as duas coisas. Nos últimos anos vimos um aumento significativo do número de coproduções. O cinema pernambucano vem produzindo excelentes filmes há bom tempo. No Sul tem se rodado mais longas também. Acredito que aos poucos o público brasileiro vai começar a descobrir e valorizar esse conteúdo.